“Quanta satisfação, quantas histórias para contar! Difícil exprimir por palavras…” – Testemunho Luísa Silva

 

Troquei as minhas parcas férias por um trabalho de voluntariado na pequena “cidade” de Guadalupe na Ilha de São Tomé e Príncipe. Foram apenas duas semanas, porém ficarão para sempre gravadas no meu pensamento e coração.

A vontade de conhecer o povo Africano desde sempre fez parte de mim. É o tipo de coisas que insiste em fazer-se presente no nosso pensamento, fazendo-nos explodir de alegria assim que as realizamos. Sim, a realidade superou o sonho! Quanta satisfação, quantas histórias para contar! Difícil exprimir por palavras…

Assim que surgiu a oportunidade, pensei “É agora, chega de adiar!”. Parti sozinha, com receio, ansiedade e pensamentos tais como: “Será que me vou adaptar?”, “Será que os São-tomenses me vão aceitar?”, “E se nada corresponder às minhas expectativas?”.

Todos estes medos desapareceram a partir do momento em quem me juntei àquele povo no reboliço do dia-a-dia. Os São-tomenses são um povo extremamente acolhedor, pois sempre me desejavam bom dia, tanto miúdos como graúdos. Apesar das dificuldades em que vivem, são muito alegres e descontraídos. De qualquer canto soava uma cantoria que me encantava. Momentos inesquecíveis…

A minha experiência como voluntária foi com crianças e jovens a partir da obra das Irmãs Franciscana Missionárias de Nossa Senhora. Fui recebida com muita atenção e amor, logo me deram a conhecer a sua missão. No primeiro dia, conheci as 21 meninas que na sua casa acolhem durante a semana. Têm entre os 12 e 18 anos de idade e que por viverem em roças não teriam possibilidade de estudar se as Irmãs não as acolhessem, devido à grande distância entre as roças e a escola. São jovens cheias de vida, que gostam muito de brincar, como de aprender. Quando precisavam de ajuda para os trabalhos da escola, logo me vinham “reservar” para o dia seguinte. Para além do apoio ao estudo, passei bons momentos de convivência com elas. Contavam-me como era o seu dia-a-dia e admiravam-se quando eu falava dos meus costumes. Deliciavam-se a pentear o meu cabelo, pois diziam que era tão macio! Como era bom quando me faziam os seus penteados. Quanta saudade…

Tive ainda a oportunidade de conhecer o ATL que recebe crianças do 3º, 4º, 5º e 6º ano no período do dia em que não têm aulas. Para cada turma existe um Animador, que não só organiza atividades lúdicas, como também em regime de sala de aula foca-se nas matérias onde as crianças sentem mais dificuldade na escola. Várias foram as coisas que aqui me encantaram, tais como a oração que acontecia sempre antes de iniciar o dia ou a tarde, a simplicidade refletida no olhar das crianças, o respeito que têm para com os superiores, mas especialmente a esperança com que me acolheram, pois dão valor e atenção às pessoas que por lá passam para os ajudar.

Sinto-me extremamente grata a Deus por ter colocado esta experiência no meu caminho e que por meio da Irmã Adelaide Lopes (Irmã Superiora do Colégio de Lourdes), conheci esta obra maravilhosa. Também não podia deixar de estar grata às Irmãs de São Tomé, Irmã Teresa Silva, Irmã Carla Nunes, Irmã Maria de Jesus Magalhães e Irmã Felismina Costa por tão bem me terem acolhido na sua instituição e me terem feito sentir parte da obra. Fica a esperança de um dia poder voltar a abraça-las e de respirar novamente o ar quente, mas puro, daquela terra que jamais será esquecida.

Testemunho da voluntária Luísa Silva

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2 Comentários

  1. Assim se partilham saberes e afetos. Parabéns Luísa.

  2. Guilhermina Araújo diz:

    Trocar as férias pelo serviço de voluntariado é um exemplo de coragem, dedicação e estima pelos outros. Revela um grande sentimento de altruísmo.
    Obrigada porque podes ser uma inspiração para muitos.
    Bem hajas!

    Os teus pais

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